segunda-feira, 29 de março de 2004

Neologismo

Beijo pouco, falo menos ainda

Mas, invento palavras

Que traduzem a ternura mais funda

E mais cotidiana

Inventei, por exemplo o verbo teadorar

Intransitivo;

Teadoro,Teodora."



Manuel Bandeira

segunda-feira, 22 de março de 2004

Abaixo o chato!

Definitivamente não existe algo mais irritante do que você estar querendo ouvir a música que está tocando no rádio e ter uma pessoa do lado(ou no banco de trás, como me aconteceu hoje) tentando cantá-la. Ela fica ali, murmurando algumas palavras, ora mais baixo, ora mais alto, meio que resmungando a letra e você não consegue entender nem a música e nem o chato.

Quando ela se impolga, começa a bater os pés no chão, forjando um arranjo de bateria ou então fecha os olhos e, mexendo rapidamente os dedos, acha que está apresentando um solo com sua guitarra imaginável.

Naquelas em inglês é sempre assim: o cara só sabe o refrão (ou parte dele), mas mesmo assim insiste em cantar a música toda, preenchendo os "espaços desconhecidos" com dezenas de "tralalás", "nan-nan-nas" e "diu-ri-dius".

Como diz Montenegro, "todo chato é bonzinho". Devemos preservar a espécie que, infelizmente, ainda está longe da extinção.

A.

sábado, 13 de março de 2004

Chega de Saudade

"Mas se ela voltar

Se ela voltar

Que coisa linda

Que coisa louca

Pois há menos peixinhos a nadar no mar

Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços os abraços

Hão de ser milhões de abraços

Apertado assim, colado assim, calado assim,

Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio

De você viver sem mim

Não quero mais esse negócio

De você longe de mim...

Vamos deixar desse negócio

De você viver sem mim..."

Vinicius de Moraes



Que coisa gay. Que meu clubinho de machões não veja isso. Esse Vinícius devia tá sempre apaixonado. Eu, pelo menos, não consigo fazer nada do tipo sem estar inspirado, e muito bem inspirado, diga-se de passagem. Sem querer me comparar a ele, obviamente. Ele era mais gordo.

Devia ganhar um xá de xana muito gostoso pra poder escrever essas coisas. E o soneto de fidelidade? Rapaz!!!! Devia estar pegando a Gisele Bundchen quando fez!

Tô bem desligado do mundo. Só hoje fiquei sabendo das explosões na Espanha. Tem tanta coisa boa pra se fazer no mundo e esse povo se preocupando em estourar ônibus, trem, sei lá o que. Vão pegar mulher, comer pizza hut, jogar bola, beber cerveja... ao invés de ficarem aí xaropando os outros. Tem dó!

Isso serve pros demais também.

A.

terça-feira, 9 de março de 2004

Super André pra presidente do Green Peace

Descobri que tenho cara de manifestante. Primeiro dia de aula, mal cheguei e algumas senhoritas já vieram me entregar uns panfletos que falavam de palestra contra sei-lá-o-quê, contra privatização do RU, "show" da senadora Heloísa Helena, etc. "Calma, meninas. Eu só tô aqui pra me formar e daqui a pouquinho (4 anos) estou indo embora. Sou da engenharia, acho que vcs pegaram o cara errado.

É, não pegaram, não. Pouco mais tarde, em frente à Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia, encontrei um velho amigo. Por mim (e por ele tb), ele teria ganho o prêmio burguês do ano durante toda a nossa infância. Só usava tênis caro, roupa de marca, ia pros EUA 2x por ano, e outras picuínhas a que tinha direito. Quem diria: ontem ele estava com uma calça rasgada, um chinelão de couro no pé e uma camiseta daquelas ganhas em comícios de assossiação de donas-de-casa. Ele e mais outros loucos varridos da filosofia juntaram em mim e já foram me dando um gongo feito de plástico velho e um pau improvisado pra fazer uma batucada contra alguma coisa, que eu não fazia a menor idéia do que qera. No começo confesso que eu resisti, mas quando uma senhorita, linda, de olhos azuis, se aproximou e tomou a frente da banda, fui o primeiro a começar a tocar o instrumento e seguir o protesto.

Pouco tempo depois já estávamos dentro do Instituto de Química, que foi quando passei o maior apuro. Baixou até polícia e, quando perguntaram pelo líder (eu jurei que ele ia se identificar), o cabeludo dono do maior tambor disse: "todos nós". Pensei: "Meu Deus, o cara é comunista até nessas horas. Primeiro dia de aula e já vou pro xilindró". Fato é que não houve maiores consequências. Pouco mais na frente, encontrei um outro amigo e resolvi abandonar o protesto. Por enquanto.

A.

domingo, 7 de março de 2004

Shaq attack!

Acabei de chegar da casa de uma amiga. Fui jogar, pelo menos tentar jogar, basquete. Meu joelho não doeu. Ainda melhor: um dos aros da quadra é um pouco torto, o suficiente para eu alcançá-lo sem a bola. Quando todo mundo parou pra tomar água, eu fiquei na quadra tentando alcançar com a bola e CONSEGUI! Foi muito bom. Lembrando os tempos em que eu jogava no Jóquei. Naquela época, que eu não tinha estourado o joelho ainda, conseguia bater a mão no aro tranquilamente. Tinha até uma tabela mais baixa onde a gente fazia campeonato de enterradas.

Mas antes de jogar, aqui no prédio, tava brincando com os meninos e machuquei o dedão do pé. Tá meio foda de andar, mas nada que uns quatro dias de anti-inflamatório não resolvam. Só começou a doer agora, quando esfriou.

Amanhã minhas aulas começam.

A.



segunda-feira, 1 de março de 2004

Acho que pela primeira vez eu digo: sinto falta de Florianópolis.

Digo, de como me sentia lá. Livre. Não tinha ninguém pra me dizer o que fazer. Ninguém com que eu me preocupasse o bastante a ponto de não viver minha vida pra mim.

Isso tudo acontece por causa do mesmo erro. Venho persistindo há dois anos. Será que não vou cansar? Tem gente que gosta de apanhar.

A.