segunda-feira, 24 de outubro de 2005

Legacy
Se a história fosse minha, ninguém sairia perdendo. Não, melhor. Ninguém sairia ganhando. Colombina? A primeira a ser esquecida. Pierrot talvez tivesse chances, apesar de serem daquelas bem remotas, mas Arlequim, sim, teria o mais despretencioso dos finais: a solidão.
Ah, não quero me comparar ao Grande escritor (in memorium). Afinal, não sou tão gordo assim.
Como é de costume (sim, odeio costumes, símbolos e tradições), ressurjo sempre que dias, bons ou ruins, ficam pra trás.
A.

terça-feira, 18 de outubro de 2005

Blindness
Sob a luz de uma vela que mal consegue iluminar a si mesma, escrevo, imerso em tédio de umas 4 horas sem energia elétrica, possesso de sentimentos dos mais primitivos: a raiva e a inveja (o vizinho da casa em frente está há horas desperdiçando o que pra falta mim, arrancando barulhos ininteligíveis na maior desarmonia que em toda minha vida já presenciei).
Sim, sou escravo e dependente químico assumido das comodidades dos dias atuais. Me banir da civilização, só por opção. E é por falta dela é que me encontro aqui, de mãos atadas, vendo(ou não) meus peixes morrerem afogados(entende-se asfixiados), e com a mão esquerda doendo de tanto apertar a lúdica "lanterna azul do meu celular". Ao menos para isso ele haveria de servir um dia. Diga-se, a bateria já está pelas últimas. E o vizinho continua a lutar com seu instrumento satânico(somado à frivolidade), que repete a mesma música(?) a cada intervalo de tempo.
Ainda sobre a vela. Ela parece rir de mim. Só agora que notei seu nome: KILUZ. Eu que o diga. Kiluz, kisom, kinoite.
E vejam só! A música mudou! Aliás, não, ainda não obtivemos essa vitória. Continua a mesma, está mais lenta, bem mais lenta. Quem diria: o Rambo vencido pelo cansaço.
Ele me interrompeu, perdoe-me, velinha(bem mais inha nesse momento). Em cima do pavil parece ter um espiral meio concha de caramujo, e ao redor, claro, a sórdida chama. Lembrarei de NUNCA MAIS comprar desse esqueiro-vovô-em-pele-de-vela.
Despeço-me às escuras. Sim, de forma bem romanesca e sentimentalóide: à luz de velas(e uma só), fortemente amparada por um Neo 1999.
A.
Ps: A música voltou com força máxima.

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

Mortal
"Então tá, então". Assim tudo começou. Palavras escassas, advertidas e recheiadas de intenções. Boas intenções.
Centenas, não. Milhares. Milhares de segundos. Segundos medem tudo aquilo que escorre pelos braços, 60 vezes maiores, dos minutos. Um segundo pode durar uma eternidade. Um minuto não.
Escatologicamente idealizada. Sim, idealizada. O problema estava aí.
"Então tá, então". Assim tudo acabou.

A.