sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Regret

O homem sábio conserta seus erros de observar os do próximo, já dizia o ditado! Ou algo assim. O passado é reescrito nos dias do presente de maneira sã e de forma oblíqua. Bastante óbvio se não fossem as palavras sobrepostas falando por si mesmas. Pobre diz que não tem nada, mas quando dá enchente diz que perdeu tudo. Auspicioso e canhestro.
Como se já não bastasse, vêm fazendo cerão em dia que não lhe é devido, ora essa!

A.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Finding out


Esses dias passei em frente a um lugar que dizia “ateliê odontológico”. Pensei por algum tempo o que aquilo poderia significar, mas achei melhor parar antes que chegasse à alguma conclusão.

E noutro que vi uma placa que dizia “artefatos sensuais”. Meu deus, tucanaram o sexshop!

Nesse momento me encontro namorando a chuva que cai lá fora. Depois de dias de temperaturas sísmicas, ela resolveu aparecer. Não me fiz de rogado e corri ao seu encontro. Estava quente demais pra ser orgulhoso.

Enfim, acho que consigo ver um caminho para as coisas. Lá longe, mas já dá pra ver.

A.


Ando por ai querendo te encontrar

em cada esquina paro em cada olhar

deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar

que o nosso amor pra sempre viva, minha dádiva

quero poder jurar que essa paixão jamais será palavras

apenas palavras pequenas

palavras, momento... palavras ao vento...


Cássia Eller – Palavras ao vento


sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Só de sacanagem

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de
dinheiro; do meu dinheiro, que reservo duramente para educar os meninos mais pobres, que eu, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas
não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam: "não roubarás", "devolva o lápis do coleguinha", "esse apontador não é seu, minha filhinha".

Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha ouvido falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.

Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo
sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem!

Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba" e eu vou dizer: Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez.
Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.

Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.
Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto,
desde o primeiro homem que veio de Portugal".

Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram? Imortal!

Sei que não dá para mudar o começo
mas, se a gente quiser,
vai dar para mudar o final!

Elisa Lucinda

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O nariz de palhaço

Sempre me abstive de manter qualquer tipo de relação com a política, desde discursos inflamados até a mais infame das piadas. Mas na situação em que me encontro, não vejo outra solução a não ser me envolver no bacanal.

Não aguento mais as pessoas falando da absolvição do Renan - quando não dizem absorção do mesmo! Porque o Renan roubou, porque ele é corrupto, porque isso ou porque aquilo.

Tá, espera. Você leu alguma das 5435 páginas do processo que estava lá contra ele, aberto pra TODOS verem, e baseado nessa inefável leitura, seus argumentos estão sendo baseados? Eu não sei, mas apostaria no não.

Você que se diz muito justo, muito honesto, impassível de corrupção, detentor do título anjinho cabaço do ano, não está podendo falar XONGAS do que está acontecendo. Baseado no que o Bonner fala, no que o Mainardi escreve e no que o Povo diz, até meu avô que se encontra no momento em estado máximo de putrefação da matéria conseguiria formar esse tipo de opinião MESQUINHA contra qualquer indivíduo por aí. Basta um tanto de idéias pré-formadas, um monte de impropérios e um bando de semi-analfabetos repetindo a mesma ladaínha que você já está contra um sujeito que você mal sabe o cargo que ele ocupa.

Não que eu esteja defendendo alguém, longe disso, mas o que eu não suporto é ignorância e o desconhecimento. Não fale só por falar, meu amigo. Tenha enbasamento das suas idéias, leia, reflita, corra atrás. Só o que a charge do Jornal Nacional diz não vai lhe contribuir com nada.

Se ele é corrupto ou não, antes de atirar-lhe as pedras, veja os adultérios que você mesmo comete. Se ele roubou milhões, é porque ele está lá em cima. Enquanto você não o alcança, contente-se não jogando lixinho pela janela.

A.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Bis bald
Que paz é essa que tanto buscamos? Defina-a, por favor.

- Ok. Momento tranquilo o qual não temos problemas, ou esses, se existissem, estão dentro do nosso escopo de esforço.

- Ainda falta mais. Muito mais.

A paz é algo subjetivo. Talvez a mais subjetiva das sensações. E quantos tipos de paz podemos contar? Quais os tipos queremos pra nós? De quais já abrimos mão, já deixamos de lado, jogamos totalmente a toalha e nos conformamos, "essa paz pra mim não serve!" Quem sabe pra VOCÊ seja de mais valia?!

Devemos ponderar muita coisa quando falamos de paz - que por si já é uma palavra escorregadia até de ser pronunciada. Há os custos, dificuldades, os inúmeros níveis de esforço e, por que não dizer, o tempo de duração. Eu, por exemplo, não quero alguns tipos de paz que duram para sempre. Não mesmo!

Paz: palavra pequena, mas tão desejada e invejada que chega ser sinônimo de contradição. O quanto não é destruído, deixado de lado, perdido para que ela seja alcançada? Nos livrando de seus variações por momento e retraindo-nos exclusivamente à palavra, quem de nós não quer possuí-la? Eu quero e, se possível, rapidamente (sem muito esforço também).

Agora começo, enfim, a entender os motivos doutrino-gramaticais de tanta economia gráfica e os de tanta complexidade por aforas.

A.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Riddle
Baseado em um diálogo ocorrido agora há pouco entre mim e um atendente da NET (depois de quase 10 mins. de espera):

- Boa tarde, eu queria comprar um evento pay-per-view.
- O senhor pode confirmar seu código NET?
- Sim claro
(apesar de já tê-lo discado anteriormente). Meu código é (número de 12 dígitos).
- Um instante só por favor... ("instante") o senhor pode me informar sua função no condomínio?
- "Função"?
- Sim. Função. Se o Sr. é síndico, administrador...
- Sou proprietário.
- Proprietário?
- Sim. Proprietário.
- Um instante só por favor...
(mais um "instante") senhor, como sua NET é condominial, para adquirir um evento pay-per-view, é necessário mandar um fax 72 horas antes da exibição, assinado pelo síndico ou pelo administrador do condomínio, solicitando a compra para o seu apartamento.
- Quer dizer que se eu decidir agora ver uma atração que vai ser exibida daqui a 2 horas no pay-per-view, eu teria de procurar meu síndico em pleno domingo e, de quebra, voltar no tempo para mandar um... fax?
- São normas da empresa, senhor.


No fim das contas (váááários minutos depois) eu consegui comprar (ou seja, pagar) o evento sem passar o tal fax, mas só porque sou um cliente com um histórico de bom comportamento (ou seja, bom pagador). Contudo, o atendente deixou claro que o favor era deles.

- Senhor, estaremos liberando (sic) o evento em caráter excepcional dessa vez, mas na próxima, não abriremos mão do procedimento, ok?

A.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Bald
Sou o seu anti-herói heróico: o seu personagem favorito!
Ouso dizer, por vielas mal frequentadas: eu trabalho na sombra, na dissimulação. Faço o papel daquele por quem você espera.
Faço dupla com o meu outro eu, meu alter ego; meu espelho.

Acaba essa bobagem messiânica em que muito se acreditou. É o fim, o começo, é a crise.
A crise. Ela ensina, humaniza, mistifica. É uma aula de teatro: é boa para conhecer tipos humanos. Temos de tudo - uma galeria de personas, de máscaras, de bonecos de engonço, de mamulengos, temos um reality show sobre a vida, o desfile de caras, de bocas, de mãos trêmulas, de risos e choros constrangidos. Temos as vaidades na fogueira e os apelos à razão.

A.