quarta-feira, 4 de março de 2009

Nova companhia

Já lhes disse que sempre tive a certeza que vou morrer jovem? Eu não sei explicar, mas o que antes não passava de uma sensação hoje eu já costumo ter como algo certo. Só não sei como vai acontecer - já seria pedir demais, né? Pensando nisso, uns tempos pra trás, levando em conta meus hábitos e preferências, fiz uma lista bem legal dos modos que eu poderia morrer. Como esse não é o assunto desse post, fica pra um próximo citá-las e explicá-las uma a uma, certo?

Agora sim, baseado na certeza de que virarei os pés pro sereno dentro em breve, resolvi, em meio às obrigações, enxertar a minha vida de pequenos prazeres dos quais eu me privava antes. Dentre alguns exemplos, ontem separei Hamlet pra ler.  Em um desses meus devaneios, costumava imaginar deus, são pedro ou quem quer que fosse bem barrigudão e de cabelos brancos na porta do céu com uma check list nas mãos. Àqueles que queriam entrar, eram feitas algumas perguntas sobre coisas obrigatórias a qualquer ser humano nesse mundo: Você aproveitou bem sua vida? O que você fez pela paz? Assistiu à Laranja Mecânica e ao Iluminado? Chorou com Tomates verdes fritos? Leu Hamlet e Victor Hugor? Pulou de pára-quedas? Baixou algum CD de alguma banda desconhecida da TV? Quantas vezes brincou de médico até completar 10 anos?

Tinha tempo que eu o estava namorando(o Hamlet) na prateleira de livros empoeirados no escaninho. E essa semana indo atrás de assuntos diversos, muitos convergiram pra ele e resolvi aceitar como um sinal misterioso. Sim, só aceito essa coisa de exoterismo quando realmente me interessa. Quando uma voz do além me manda parar de comer porcaria, exagerar no álcool e procurar uma igreja próxima de minha casa, eu me faço de surdo e continuo a me matar. (Bom, talvez seja por isso a idéia do morrer cedo...)

Continuando, eu poderia jurar que a tradução que eu tinha era a do Millor. Infelizmente não é. Depois dessa declaração explícita de amor, não vai ficar legal eu citar o tradutor da referida obra. Pois bem. Por ora pensei em adquirir o originalzão mesmo, em inglês elizabetano e tudo mais. Mas logo deixei a extravagância de lado. Apesar de que hoje existem dicionários de fácil acesso pra isso, preferi levar em conta que os "pequenos prazeres" deveriam ser realmente pequenos, pelo menos por enquanto.

Claro que não consegui segurar a curiosidade e já dei uma folheada no bicho. Deveras está muito sujo e precisando de um pano pra ficar ao lado da cama. A tradução é de 67. Imagino eu que deva ter sido adquirido em dez anos a contar dessa data e que de lá pra cá ninguém o leu... Ou seja, tá bem sujinho mesmo. Assim que a leitura começar fluir ou o desencanto acontecer, o que um dos dois é normal em se tratando de empolgação envolvendo meu nome, eu venho cá e falo pra vocês das sensações rodeantes, ok?

Falando de coisa boa e mudando pra coisa terrível, nesse momento me encontro ao lado de um livro de TGP - Teoria Geral do Processo. Praqueles com menos afinco nas áreas  jurídicas - que infelizmente não é mais o meu caso - trata-se de uma matéria que tem como função tirar o rótulo de leigo de uma pessoa que diz não saber do que se trata a área do direito: princípios gerais, fundamentos, temas comuns aos ramos do Direito(vários, diga-se), etc. Estou tendo que ler/estudar a constituição(com letra minúscula mesmo) e muitas coisas dali eu não sei de onde vieram. Resolvi, então, perder um pouco mais de tempo agora pra talvez ganhar no futuro. E junto com esse TGP veio um dicionário jurídico. Bom, não? Ou por acaso você sabe do que se trata exatamente um decreto lei, uma despedida imotivada ou um procedimento sumaríssimo? Pois bem, pensando na sua resposta é que fui atrás do dicionário.

Há quase 6 dias que Goiânia não vê chuva e isso tem contribuído incisivamente no meu corpo/sono/humor. Ainda não está na época de elas sumirem de vez e 6 dias já traz consigo um certo cuidado(entenda estado de sítio).

Beijos para as meninas e TGP para os meninos!

A.