domingo, 2 de janeiro de 2011

Viadagem

"Nosso grupo sempre foi um grupo aberto. Nós nunca tivemos preconceitos, dogmas, Dobermanns, Dálmatas, Pointers, Sisters, Allmann, Brothers, nem Crosby, (...), nem Young... Talvez Lennon, não, McCartney... Talvez, quem sabe...”

Esse post é pra um cara cabriocárico, hélpis, batráquio, estrogonoficamente pálido, que tem 25 anos de vida e de América do Sul, que entrou na minha vida esse ano. Sem camisinha ou vasilina. Chegou chegando, veio de braços e pernas abertas. Não, não somos homossexuais, muito embora ela tenha bíceps pequenos e pernas finas. Diz que tá mais forte do que eu, mas pega 10kg de supino a menos, prova essa de que sou muito mais homem.

Não entendo o porquê de eu gostar minimamente do citado: chamo pra malhar comigo; diz que é caro (10 reais a mais) e torra 200 em cerveja. Chamo pra vir aqui em casa, diz que tá passando, mas não aparece. Ligo pra ele, não atende. Quando consigo falar, diz que não tinha chamada perdida. Perde no videogame e não assume; afinal gol de penalti, não vale. Me passa raiva como aquela peguete que se faz de difícil, mas me ganha com mensagens romanescas e sentimentalóides.

Tive o desprazer de passar uns 4 meses do ano ao lado do exu caveira e do seus encostos. Foram inúmeras brigas, desproporcionalidades da parte dele, apelinhos e outras meninices. Parece que foi criado por vó em apartamento. Soltava pipa no ventilador e jogava bolinha de gude no tapete persa. Só sujava a mão com Nutella. Ele é vesgo, tá com os dias contados pros cabelos caírem e cabe uma almôndega mineira do norte gaúcho entre os dentes da frente. Ainda assim arranca suspiros do guarda municipal. Filho de pais brancos, nasceu preto, e assim como 75% dos negros que nascem pretos, morrerá nego.

Entristece-me ao dizer que o concurso não desenrolou, mas do alto do meu egoísmo me faz bem saber que terei-o por perto por mais alguns dias. Pensando no tão pouco tempo de convivência e no tamanho do sentimento, me faz pensar que existem outras vidas.

Em terra de rei, a pedra fura o cavalo que vai pra Roma.

Chapéu, sapato ou roupa usada, quem tem?

Por te amar tanto é que não perdôo os lanches e 14 meses de aluguel que me deve.