quarta-feira, 31 de agosto de 2011

trânsito: o circo da folia

Depois de 1 ano e 7 meses trabalhando com trânsito, posso dizer que tenho uma petit experiência nesse ramo. Sempre me perguntam algumas idiotices coisas  e eis que estou aqui, a fazer um textículo abraçando a resposta de algumas delas. Peguem a pipoca e reflitam um pouco nas minhas não tão doces palavras.

André, o trânsito do Brasil tem solução? E o de Goiânia, pra ser mais exato?
- Pessoa de pouca fé, em verdade eu vos digo: O mau do Brasil é o brasileiro! Deus não pôs terremoto, tsunami, vulcão ou tornados por aqui. Mas colocou o povinho mais filha da puta que ele conseguiu! E é por causa dele que eu afirmo: essa merda que está só tende a piorar!

Respondo, ainda, jogando a pergunta pra vocês: todo mundo odeia levar uma buzinada na orelha, mas quem é que nunca descontou uma fechada ou uma barbeiragem alheia com a buzina? Ah, a buzina. A menina dos olhos nos dias de cão! Quem nunca (ou sempre) não pára na faixa de pedestre, olha no retrovisor e fala: ah, tem pouco carro atrás, logo essa velha gorda cheia filhos catarrentos consegue atravessar. Quem nunca não deu lugar pra quem tava saindo da garagem só porque estava atrasado, e ainda disse, noutro dia eu dou?!

Sim, meus amigos. Vcs são todos farinha do mesmo saco cocô da mesma areia. É claro que eu, como malandro-preto-comedor de farinha e feijão, estou nesse meio, mas que, como narrador onipresente, onisciente e lindo dessas linhas que estão a desgustar, tenho a prerrogativa de me por fora das malfeitosas comparações.

Estaciona na vaga do cadeirante ou do idoso porque sabe (ou acha que sabe) que não tem nenhum desses dois ali perto. Estaciona nos proibidos por algum tempo e diz que pode porque é rapidinho. Se algum fiscal te pega no celular, você diz que sua mamãezinha tava dura no hospital. Essas desculpas e as afins são manjadíssimas e só reiteram que vc é um bosta sem criatividade. Que pimenta no borel do outro é refresco. Assume o risco, mas não aceita a consequência! Quando chega uma dessaborosa multa na sua casa, você chora, reza, pede e implora! Diz que nunca esteve nesse lugar e que vai recorrer, que vai fazer valer seus direitos. Que o governo tem uma indústria de multa. Mas quando pára um mocorongo obstruindo a porta da sua casa, ou alguma pessoa próxima de vc morre no trânsito, pergunta cadê o braço do Estado agindo em favor da população, que são todos uns ladrões omissos do caralho a quatro. Ah! A indústria da multa. Me cago de rir quando vejo gente falando dela. O grande filha da puta não vê que o que acontece é - perdoem-me o bordão - uma indústria de infrações. Podem ocorrer erros, sim. 1%? Os outros 99% eu tenho certeza que o grande asno no volante estava errado!

O problema da falta de berço, mes amis, é algo crônico; irremediável. Não digo superficialmente a falta de educação em si, a esquecida arte do saber se portar, mas todo o aparato que vem junto com isso aí. Quem cresceu vendo os pais, os tios e os avós desobedecerem às leis (não só às de trânsito) não pode ser dele exigido que faça algo correto. É utópico por demais pensar que uma meia dúzia de campanhas, um ou outro real tirado do bolso com uma multa ou uma carteira de habilitação suspensa vão resolver o problema. Falando em multa, alguns zézões ainda insistem em perguntar se há alguma premiação pros fiscais do estado por "acharem" infrações. Eu respondo com a pergunta: vc acha que se tivesse, não haveria gente trabalhando do alto de suas sacadas em seus prédios? E não precisam inventar infrações. Ande dois, três ou quatro quarteirões - NO MÁXIMO - e me fale quantas pessoas vc viu no celular, ou fazendo uma conversão proibida ou qualquer outra putanescilidade dessas. Quando chegar o presente, me conta!

Alilás, acho que o valor das multas cobradas está obsoleto, baixo demais. Nunca foi atualizado. Não surte efeito desse jeito. Nem na época da criação surtiu. Prova essa que uma mesma pessoa leva a mesma multa 3, 4 vezes e não aprende. Meu pai, que Deus o tenha em seu sofá fumando um Havana gozando o Godfather, quando queria que eu aprendesse uma coisa de uma vez por todas, batia uma vez só. Preciso falar da intensidade? Usando o mesmo raciocínio do citado troglodita (brinks, daddy!), não quer que alguém cometa o mesmo erro, que bata com força. Ao invés de cfrazinhas de 100, 200 reais, poe uma de 1000. Valor da infração leve agora: milão! Da gravíssima, 3000. Quero ver se vai ter nego falando no celular de novo. Se alguma patricinha filha da puta vai entrar na contra-mão aqui no meu prédio à noite. Nessa de 100, 200 reaiszinhos, eu acredito, sim que seja indústria da multa. Porque o governo não cansa de cobrar e vc não cansa de pagar. Fica o bobo de um lado e o ladrão do outro nessa suruba tácita.

No mais é isso. Por favor, não fiquem chateados se os ofendi. Se se viram em alguma parte do texto, a idéia era exatamente essa. Pra que vc possa, ao menos, pensar por alguns segundos nas suas atitudes no trânsito. Começar a encará-lo como de fato deve acontecer. Que não tenha que perder amigos, como aconteceu comigo recentemente, pra poder rever suas atitudes e a ineficácia das leis que não regem as condutas por aí.

Beijos, se eu não te ligar, vc também não me telefona!

A.